Texto: Alexandre Haubrich / Jornalismo B
Fotos: Alexandre Haubrich e Bruna Andrade / Jornalismo B
O segundo dia da XXI Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba, que reuniu mais de trezentas pessoas em Foz do Iguaçu, começou com uma palestra a respeito do sistema de saúde cubano, apresentada pelo Dr. Angel Fernandez. Ele falou sobre a importância da integração de todos os níveis da Saúde em Cuba e fez um panorama histórico e de dados no setor.
Fernandez fez questão de destacar a linha fundamental do sistema de Saúde cubano: “gratuito, universal e acessível a todos”. Na década de 1970, conforme relatou, incrementou-se a colaboração internacional de Cuba a outros países em questões ligadas à Saúde. Já na década seguinte o foco principal foi o aprofundamento dos programas de saúde da família. Nos anos 1990, apesar da gigantesca crise, chamada de “período especial”, causada pela quebra da União Soviética, as conquistas nesse setor, assim como na Educação, foram preservadas. Com o início da recuperação econômica o investimento em tecnologia de ponta tornou-se a maior ambição.
O médico cubano citou algumas conquistas da Saúde cubana: “criação do Serviço Médico Social Rural, controle de enfermidades transmissíveis, aperfeiçoamento de atenção primária, rede nacional de informação estatística, sistemas de vigilancia em saúde de ampla cobertura, novas especialidades assistenciais e sanitárias, criação de institutos de investigação, busca de independência tecnológica, produção de medicamentos e vacinas, universidades médicas”. Também apresentou alguns dados que demonstram essas conquistas: mortalidade infantil de 4,5%, comparável a países desenvolvidos; mortalidade em menores de 5 anos de 5,7%; esperança de vida ao nascer de 77,97 anos; mortalidade materna de 29,4 por 100 mil.
Angel Fernandez falou também das missões internacionalistas dos médicos cubanos, desde a criação da primeira brigada médica, em 1963, que foi ao Chile ajudar vítimas de um terremoto, e até 2003, com a criação da Missão Bairro Adentro, na Venezuela. “Cuba não dá o que sobra, compartilha o que tem”, disse.
Integração em debate e preocupação com contraofensiva
O painel seguinte trouxe a questão da integração como ponto fundamental, participando o embaixador de Cuba no Brasil, Carlos Zamora Rodríguez, o dirigente nacional do PT, Valter Pomar, e o dirigente do PCdoB, Ricardo Alemão Abreu.
O embaixador fez uma fala breve, destacando e agradecendo a solidariedade a Cuba e defendendo os princípios da soberania do país e dizendo-se atento à contraofensiva estadunidense na América Latina e no Caribe. Chamou à unidade das forças de esquerda, lembrando a trajetória cubana de derrotas, especialmente no fim do século XIX, causadas por divisões entre os rebeldes. “Se o processo não avança, abrimos espaço ao império e perdemos tudo”, disse.
Valter Pomar, por sua vez, falou como dirigente também do Foro de São Paulo, onde se reúnem partidos progressistas da América Latina, repudiou o imperialismo estadunidense e elogiou o papel que têm cumprido os diversos blocos latino-americanos e caribenhos. Ele explicou que a estratégia política da esquerda deve combinar três elementos para construir a transformação e a integração: partidos, movimentos sociais e governos. Pomar, porém, mostrou preocupação com a contraofensiva imperialista, que tem se utilizado de governos de direita presentes na região. Para ele, a Aliança do Pacífico é uma ameaça que deve ser vista com atenção.
Ricardo Alemão Abreu demonstrou temor semelhante, e lembrou as características comuns latino-americanas e caribenhas identificadas por Simón Bolívar, em uma época, e Darcy Ribeiro, em outra. No mesmo sentido citou o herói cubano José Martí e outras lideranças históricas de processos de luta na região.
Em seguida, representantes da delegação da Venezuela fizeram uma apresentação do que será a Convenção Continental de Solidariedade a Cuba, que acontecerá em Caracas em julho próximo. Também a integrante da delegação do Rio Grande do Sul, Maria Cezira Oliveira, foi designada a nova coordenadora brasileira das Brigadas Sulamericanas de Solidariedade a Cuba, que todo ano levam militantes brasileiros para conhecer a realidade da Revolução Cubana.
O dia e a Convenção foram encerrados com encaminhamentos de propostas sobre três questões que foram a base dos debates em Foz: a luta contra o bloqueio econômico, a campanha midiática da direita contra Cuba, e a luta pela libertação dos Cinco Heróis. Por fim, foi lida a Carta Final do evento, e novas apresentações culturais encerraram a etapa presencial da Convenção, com a promessa de que o encontro seguirá rendendo frutos nos estados e nas ações em defesa da soberania, da integração e do legado da Revolução Cubana.
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