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Movimentos sociais fazem protesto em desfile cívico de Porto Alegre

7 set

Texto e fotos: Bruna Andrade / Jornalismo B

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Na manhã deste 7 de setembro, dia da “Independência do Brasil”, enquanto famílias inteiras desciam a Borges de Medeiros em direção à Av. Loureiro da Silva, onde ocorria o desfile cívico de Porto Alegre, diversos movimentos sociais se reuniam no Largo Glênio Peres. Entre outras pautas, os movimentos reivindicavam a democratização da comunicação, a reforma agrária e a punição dos torturadores da Ditadura Militar.

No local havia a concentração de três manifestações e enquanto ocorria a chegada dos manifestantes, houve um mal estar entre os que chegavam para participar da ação Independência ou Globo e do 19º Grito dos Excluídos com os que chegavam para o evento denominado Operação Sete de Setembro e que carregavam cartazes padronizados dizendo “Fim da corrupção. + Saúde.”. Os participantes das outras duas ficaram incomodados e alegaram que aquela seria uma “tentativa de cooptar o movimento popular” porque, segundo eles, a pauta da corrupção “é uma pauta elitista”.

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Por volta das 10 horas, os movimentos sociais começaram sua passeata rumo à Loureiro da Silva. Apesar do forte contingente da polícia que acompanhou toda a caminhada, os manifestantes não tiveram problemas para chegar ao local. Eles permaneceram no Largo dos Açorianos gritando palavras de ordem que pediam, principalmente, a democratização dos meios de comunicação. João Herminio Marques, membro do movimento A Marighella, explicou que o protesto Independência ou Globo foi organizado porque o movimento entende que “a Globo seja a morte da comunicação, da política e da consciência popular”.

Além disso, também foram apresentadas diversas outras demandas como a reforma agrária, 10% do PIB pra educação e mais investimentos na saúde pública. O médico formado em Cuba e integrante do MST, Marcos Tiaraju, que estava participando do ato, falou sobre a vinda dos médicos estrangeiros: “Estamos encampando, junto com os demais movimentos sociais a defesa do programa Mais Médicos, a vinda dos médicos estrangeiros, principalmente dos cubanos, que estão sendo rechaçados pelos Conselhos de Medicina do Brasil”.

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Os crimes cometidos por militares durante a Ditadura também estavam na pauta do movimento. Para Darla Ribeiro, integrante do Levante Popular da Juventude, “a questão da luta pela memória, verdade e justiça não está desligada das demais reformas, e também é elemento central”. Ela ainda falou sobre a importância da luta: “A gente continua reafirmando que é indispensável que a gente siga lutando e fazendo justiça, pra que esses torturadores genocidas que contribuíram para a Ditadura Militar não fiquem impunes. Vamos sempre levantar essa bandeira pra que seja retomada a memória do povo brasileiro e pra que nunca mais volte a acontecer”.

Após o final do desfile, os manifestantes puderam entrar na avenida onde antes ele estava acontecendo, no entanto, durante cerca de dez minutos, foram impedidos pela Brigada Militar de continuar com a passeata enquanto as autoridades não deixassem o local. Após serem liberados para seguir, os militantes avançavam de forma tranquila e gritando palavras de ordem quando passaram por um grupo que estava nas arquibancadas do desfile e que, vestidos com camisetas com a bandeira do Brasil, seguravam faixas quem pediam “intervenção militar já!”. Nesse momento, houve tensão e os dois grupos discutiram fortemente, a Brigada Militar precisou se colocar entre eles. Os manifestantes que seguiam pela Loureiro da Silva começaram a cantar músicas que lembravam os crimes da Ditadura e, após alguns minutos, a passeata dos movimentos sociais prosseguiu. O protesto foi encerrado por volta do meio dia na esquina com a rua José do Patrocínio.