Ato em Porto Alegre cobra registro para médicos estrangeiros do Mais Médicos

13 set

Texto e fotos: Alexandre Haubrich / Jornalismo B

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Em ato na manhã desta sexta-feira militantes do MST, Levante Popular da Juventude, A Marighella e Associação Cultural José Martí cobraram do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers) o registro para os médicos estrangeiros que chegaram ao estado para participarem do programa Mais Médicos. Em frente à sede do Cremers, os manifestantes se depararam com o prédio fechado e os funcionários liberados. Apenas alguns segurança se encontravam no pátio.

“Queremos saúde padrão Cuba”, dizia uma faixa do Levante, lado a lado com bandeiras com os rostos de Che Guevara e Fidel Castro. Outras faixas diziam “Mais médicos, mais saúde, menos privatização” e “Mais médicos, mais terra e mais saúde”. Havia ainda um recado direto ao Conselho: “Cremers, não impeça o povo de ser atendido. Registro já!”.

Ato político em Porto Alegre lembra os 15 anos da prisão dos cinco antiterroristas cubanos

12 set

Texto e fotos: Alexandre Haubrich / Jornalismo B

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Na noite desta quinta-feira, 12, um ato político organizado pela Associação Cultural José Martí (ACJM) lembrou, na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, os quinze anos da prisão dos cinco antiterroristas cubanos presos nos Estados Unidos.  Já tendo passado por todas as instâncias da Justiça estadunidense, quatro dos cinco seguem presos, e apenas uma decisão do presidente Barack Obama pode libertá-los. Por isso, a campanha “Obama, give me five” se espalhou pelo mundo neste 12 de setembro. Laços amarelos em defesa da libertação foram pendurados em diversos lugares, inclusive nas árvores do Parque da Redenção, em Porto Alegre.

O ato político na Assembleia também marcou o lançamento do novo site da ACJM.

“Não é crime defender a vida” – Entrevista com Elizabeth Palmeiro, esposa de um dos 5 cubanos presos nos EUA

12 set

Alexandre Haubrich

Cinco antiterroristas estão há quinze anos presos no país que se diz o maior combatente contra o terrorismo. Ramón, Gerardo, Tony, Fernando e René são Cuba encarcerada por todo o tempo possível nos Estados Unidos. Infiltrados em organizações que mantinham regularmente ataques terroristas contra o povo cubano, foram presos, julgados em Miami – onde está a maior comunidade antirrevolução cubana – e condenados a penas que chegam a duas prisões perpétuas e mais 15 anos, no caso de Gerardo. O governo cubano e o povo da ilha manifesta-se de todas as formas possíveis em defesa de sua liberdade. Por todo o país espalham-se outdoors com o lema “Voltarão!”. Por todo o mundo espalham-se manifestações de solidariedade. As famílias, dilaceradas e injustiçadas, sofrem. Mas, estimuladas pela solidariedade nacional e internacional, não deixam de lutar. Condenados, resta aos 5 heróis antiterroristas cubanos a expectativa de que o presidente Barack Obama os conceda a liberdade a que têm direito. Na entrevista exclusiva a seguir, Elizabeth Palmeiro, esposa de Ramón Labañino Salazar, fala sobre tudo isso e sobre as perspectivas dessa longa e doída batalha.

Jornalismo B – Gostaria que tu fizesse uma retrospectiva do que aconteceu, para quem, no Brasil, não conhece a história dos 5.

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Foto: Bruna Andrade

Elizabeth Palmeiro – Sou a esposa de Ramón Labañino Salazar, um dos 5 heróis injustamente presos nos Estados Unidos. Meu esposo foi preso em 1998 e quem sabe os amigos que vão ler a entrevista podem remeter-se a um livro muito importante que fez Fernando Morais, Os Últimos Soldados da Guerra Fria, onde ele relata de uma maneira novelesca e muito interessante a essência do caso dos nossos familiares e a origem da prisão dos nossos familiares. Foram presos porque estavam se infiltrando em grupos terroristas sediados na Flórida, em Miami, especificamente. Grupos terroristas que causaram muita dor e sofrimento ao povo cubano e que na década de 90 estavam fazendo uma campanha de bombas aqui em Havana para afetar o turismo. Meu esposo era um desses homens que estavam desempenhando este papel importante de tentar conhecer os planos dessas pessoas, desses terroristas, e tratar de adiantar-se a esses planos para botar-lhes fim, foi preso em 12 de setembro e levado ao Centro Federal de Miami e depois de dois anos de árduo trabalho por parte dos advogados para poder chegar ä evidência foram enjuizado em Miami, na mesma cidade onde foram presos e a única cidade dos Estados Unidos onde não podia haver um juízo justo, foram condenados a penas atrozes, altíssimas, de penas perpétuas e anos de prisão. Depois disso os advogados se empenharam em um processo de apelação que deu como resultado, em 2009, uma nova sentença em que as prisões perpétuas de Tony e do meu esposo, Ramón, foram trocadas por anos, ao meu esposo 30 anos, a Tony 22 anos, mas ficaram como antes as condenações de Gerardo e de René, Gerardo a duas prisões perpétuas e mais quinze anos de prisão. Em 2001 o governo cubano decide denunciar ao mundo a terrível injustiça que se cometeu contra os nossos familiares e já são onze anos de denúncia, pedindo solidariedade internacional, porque esse é um caso político. É um caso que se converteu em uma tragédia familiar, em uma tragédia humana, mas tem um grande conteúdo político. Eles estão presos por serem cubanos, não por outra coisa. Casos parecidos com os dos nossos familiares foram resolvidos em questão de horas ou dias nos Estados Unidos, mas por serem cubanos estão presos. Nós pedimos a todos os amigos no mundo que nos têm acompanhado na tradicional solidariedade com Cuba que divulguem a verdade dos 5, a essência do caso dos 5, que foi muito terrivelmente manipulada, quando não silenciada nos grandes meios de comunicação. Por isso é tão importante ajudar a divulgar que há quinze anos cinco lutadores contra o terrorismo que afeta a Cuba estão presos precisamente no país que chama o mundo a uma guerra contra o terrorismo, no país que em nome dessa guerra contra o terrorismo lança bombas no Afeganistão, no Iraque, destrói civilizações, acaba com o patrimônio da humanidade… Por combater o terrorismo meu esposo está há quinze anos privado de ver crescer suas filhas, e outros, como Gerardo, que não teve a possibilidade de ter filhos e está impossibilitado inclusive de poder receber visitas de sua esposa. Então, como te dizia, é um grande caso político, e também uma grande tragédia humana, uma grande tragédia familiar. Não fizeram dano a ninguém, não cometeram nenhum crime. Não é um crime defender a vida de outros seres humanos, não é um crime tratar de opor-se ao terrorismo por meios pacíficos. Estão sendo vítimas do ódio das pessoas que na Flórida controlam os destinos de Cuba no Congresso, chantageiam o governo dos Estados Unidos. E nós, familiares, somos também vítimas disso, quando somos impedidos de visitá-los, quando se demora a possibilidade de visita-los, já que dependemos de um visto para ir aos Estados Unidos.

Como está a situação dos familiares? Como se sentem? E como sentem a solidariedade dos povos, e em especial em Cuba?

Para nós é muito importante a solidariedade internacional, e quando a encontramos ganhamos em energia e em força para poder seguir com a batalha pela libertação dos nossos familiares. São muitos anos, temos que ir pessoa a pessoa informando o que está acontecendo devido ao silencio dos grandes meios de comunicação. Os filhos dos 5 já não são crianças. Por exemplo, a filha de René, a menor, já vai completar 15 anos. Minha filha menor já tem 15, vai completar 16. E as duas foram privadas da presença de seus pais porque foram aprisionados quando eram muito pequenas. As outras já estão se graduando na universidade, estão se casando, têm filhos…minha filha mais velha, Laura, logo vai ao Brasil participar de um evento de mulheres camponesas. As mães vivem em uma constante batalha contra o tempo, a mais velha já tem 81 anos. Nós estamos envelhecendo. Tratamos de nos manter fortes, mas a batalha é difícil. É difícil ter passado tantos anos separadas de nossos amados esposos, e em alguns casos não pudemos ter filhos com eles, como Adriana…a situação mais difícil é de Gerardo, com duas prisões perpétuas e a impossibilidade de que o visitem…e além disso é um casal jovem que não pode ter filhos. Fernando tampouco pode ter filhos por causa dessa situação, sua esposa até já desistiu disso, a questão biológica marca um momento em que a mulher tem que renunciar a um sonho de ter um filho, e os filhos que nasceram não podem desfrutar dos pais, não podem crescer ao seu lado, não podem compartilhar momentos importantes de suas vidas.

JB 51 - Página 5 - Foto Alexandre Haubrich

A situação do teu marido, especificamente, como está agora?

Ramón neste momento está sendo transferido para uma prisão de baixa segurança, é a segunda vez que o trocam de prisão, o primeiro movimento foi para uma prisão de baixa segurança em Miami, e, como era lógico, quando chegou ali as autoridades viram que não poderia ficar nessa prisão. Voltou a onde estava, em Geórgia, Foi movido dessa prisão novamente, agora se encontra no Centro de Transferência esperando ser transferido, não se sabe para onde, é algo que não se sabe exatamente até que chega o preso. Com essa situação estão seu pai, seu irmão e sua filha mais velha nos Estados Unidos esperando para fazer uma visita, e foram impedidos até agora porque esse translado foi antecipado, e anteriormente houve um castigo na prisão e não puderam visita-lo. De oito visitas que podiam ter feito nessas duas semanas somente puderam fazer três visitas devido a essas duas situações que coincidiram, mas me parece que o mais cruel é terem-no movido dessa prisão sabendo que seus familiares estavam ali e sabendo o quão difícil é conseguir um visto.

Quantas vezes tu viste Ramón nos últimos quinze anos?

Em média, uma ou duas vezes ao ano. Houve momentos piores, em que os vistos se demoravam muito, e demorava até dois anos para que conseguíssemos o visto, mas agora com a presidência de Obama se está sendo menos cruel e temos podido ir duas vezes ao ano. No momento estou há um mês esperando um visto para que quando Ramón chegue ao seu destino final eu possa ir visita-lo e possa contar sobre as ações que estamos realizando para ajudar na causa dos 5.

O que dizer para quem quer ajudar com a luta dos 5?

Aos brasileiros lhes diria que leiam o livro do Fernando Morais, antes de tudo. Acredito que o livro dele ajuda a entender a realidade do caso dos 5, e vai além do ponto de vista de um familiar que, como eu, sempre vai defender a necessidade de libertar meu esposo. Isso para o Brasil. Mas, como esposa dele e como representação da família lhes pediria que se informem sobre o caso, que busquem informações e que participem das iniciativas dos amigos que já estão há anos trabalhando nisso, que já ajudaram a quebrar um pouco o muro de silêncio dentro das redes sociais. E que nos ajudem.

*Entrevista publicada originalmente no Jornalismo B Impresso

5 heróis: 15 anos de injustiça

11 set

Bruna Andrade, texto publicado originalmente no blog Memórias Cubanas:

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Cuba, que já passou por duas guerras de independência e uma revolução para conseguir libertar-se do colonialismo e imperialismo de Espanha e Estados Unidos, é um país de muitos heróis:  Carlos Manuel Céspedes, herói da primeira independência; José Martí, herói da segunda; Fidel Castro, Che Guevara e Camilo Cienfuegos, heróis da Revolução Cubana. E existe, por parte do povo cubano, uma profunda admiração e uma real gratidão a esses cinco heróis, que têm seus rostos e ideais espalhados de ponta a ponta do país. No entanto, no coração cubano ainda existe espaço para mais cinco heróis. Eles se chamam Antônio, Fernando, Gerardo, Ramón e René e são os cinco antiterroristas cubanos presos em Miami há quase 15 anos.

IMG_3664Com o triunfo da Revolução Cubana, o país passou a sofrer uma série de atentados e tentativas de invasão, arquitetados desde os Estados Unidos por grupos terroristas cubanos. Os episódios mais conhecidos são o da invasão à Playa Girón, em 1961, e o da explosão de bombas que derrubaram o voo 455 da empresa Cubana de aviação, matando 73 pessoas em 1976. Nos anos 90, uma das formas de atuação dos terroristas eram os atentados em hotéis, a fim prejudicar o turismo, que já era uma das principais fontes de divisas de Cuba. Por isso, o governo cubano enviou ao país vizinho um grupo de agentes que tinham a missão de se infiltrar em grupos terroristas com o objetivo de captar informações sobre futuros ataques a Cuba. Em junho de 1998, com as informações enviadas pelo grupo de agentes cubanos que estavam em missão em Miami, o governo de Cuba entregou ao FBI um relatório com mais de 200 páginas, além de gravações, que comprovavam a existência de atividades terroristas no país. Em setembro do mesmo ano, os cinco antiterroristas foram detidos pelos Estados Unidos junto com outros agentes que participaram do programa de delação premiada e foram soltos.

IMG_3596Os 5, como são carinhosamente chamados em Cuba, foram acusados por mais de 20 crimes, incluindo “conspiração para espionagem” e “conspiração para homicídio”. No entanto, sempre negaram que estivessem no país para espionar os Estados Unidos e, ao contrário dos agentes delatores, neste 12 de setembro estão completando 15 anos de cárcere, tendo passado cerca de 17 meses em solitária. Entre novembro de 2000 e junho de 2001 eles foram a juízo em um julgamento extremamente questionável e foram todos condenados a penas máximas. Gerardo Hernández Nordelo: duas prisões perpétuas e 15 anos; Ramón Labañino Salazar: uma prisão perpétua e 18 anos; Antônio Guerrero Rodríguez: uma prisão perpétua e 10 anos; Fernando González Llort: 19 anos; René González Shewerert: 15 anos. A Anistia Internacional, alega que não foram apresentadas provas que demonstrassem a real culpa dos acusados, além disso, a entidade também defende que os cubanos não tiveram pleno acesso à defesa, já que muitas das provas foram declaradas secretas, segundo as leis estadunidenses. Outro questionamento que se faz é quanto ao julgamento ter ocorrido em Miami, onde ocorreu uma forte pressão popular e midiática pela condenação dos 5, impedindo assim que ocorresse de forma objetiva e imparcial.

IMG_3613Os heróis cubanos, que foram aos Estados Unidos com a missão de identificar e impedir a atuação de núcleos terroristas contrarrevolucionários, estão presos, injustamente, acusados de serem exatamente o que foram combater, terroristas. Por isso, em Cuba existe um imenso clamor pela libertação dos 5, essa pauta está presente em seminários, colóquios… Assim como se espalham pelas ruas os rostos dos heróis da independência e Revolução, se espalham também os rostos dos 5 heróis antiterroristas que resistem bravamente aos desmandos do imperialismo ianque. Hoje, em Cuba, acontece algo totalmente inusitado: não são os heróis que estão lutando pelo povo, é o povo que está lutando por seus heróis.

  • Indicação: O livro do escritor brasileiro Fernando Morais “Os Últimos Soldados da Guerra Fria” conta de forma única a história dos 5 heróis cubanos.

Ocupação da Assembleia Legislativa acaba, mas governo não aceita negociação

11 set

Texto e fotos: Alexandre Haubrich / Jornalismo B

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Depois de 17 horas de ocupação, professores e estudantes, capitaneados pela Comissão de Educação do Bloco de Lutas e por alguns núcleos do CPERS, deixaram na manhã desta quarta-feira o Gabinete da Presidência da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. Em meio a um movimento grevista, os professores queriam a reabertura das negociações com o governo. Foi marcada a audiência exigida, mas a reunião não levou a novos encaminhamentos.

Uma assembleia na noite de terça definiu a saída para o momento em que a audiência, prevista para às 8h30, tivesse início. A reunião atrasou, mas por volta das 9h30 os manifestantes começaram a deixar a sala onde haviam passado a noite. Ainda na Assembleia foi lida uma carta do movimento, que explicava as razões da ocupação.

Após se retirarem, professores e estudantes se dirigiram em caminhada até a Fundação para o Desenvolvimento de Recursos Humanos (FDRH), na avenida Praia de Belas. Por cerca de 40 minutos, aguardaram o resultado, anunciado pela presidenta do CPERS, Rejane de Oliveira: os pontos prioritários de reivindicação não irão avançar.

Rejane relatou que a posição do governo em relação ao Piso Nacional segue a mesma, sem possibilidade de mudanças. O mesmo acontece sobre a Reforma do Ensino Médio, admitindo-se apenas a possibilidade de repensar alguns pontos da aplicação, não da proposta. Sobre o Vale Transporte e o Vale Refeição, ficou indicada a marcação de uma nova reunião para que os professores apresentem um projeto nesse tema. O governo aceitou, porém, abonar os dias da greve. Durante a tarde haverá uma reunião do Comando de Greve para definir os próximos passos e o calendário do restante da semana.

Diante da indignação dos professores presentes, a presidenta do CPERS criticou o governador Tarso Genro: “O governo mente, isso não é nenhuma novidade pra nós. Mentiu que ia pagar o piso, mentiu que quer negociar, essa é a caracterização que nós temos, de fato, do governo”. Ela também saudou a importância da mobilização que ocupou a Assembleia.

Professores e estudantes ocupam Gabinete da Presidência da Assembleia Legislativa do RS

11 set

Texto e fotos: Alexandre Haubrich / Jornalismo B

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O Bloco de Lutas, através de sua Comissão de Educação, e os professores estaduais em greve, ocuparam na tarde desta terça-feira o Gabinete da Presidência da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. O CPERS, que organiza os professores e que está em estado de greve, participa da ocupação que continua e deve seguir até a manhã de quarta. A exigência para a saída é a reabertura das negociações com o governo do estado. O CPERS tem atuado em defesa da aplicação do Piso Salarial Nacional e contra a Reforma do Ensino Médio, e é sobre essas pautas que a negociação pós-ocupação deve se dar.

Desde o momento da ocupação, no início da tarde, centenas de militantes já passaram pela Assembleia. Cerca de 100 deles estavam na assembleia que definiu a permanência durante a noite. Quando um carro do CPERS levou suprimentos aos manifestantes, houve tumulto com os seguranças, com alguns manifestantes (incluindo um menor de idade) sofrendo ferimentos leves. Mais cedo, o presidente da casa, deputado Pedro Westphalen (PP), intermediou uma audiência entre o comando de greve e o governo, com participação de estudantes que estão à frente da ocupação.

A assembleia determinou que a saída será no momento em que a reunião tiver início. A previsão é de que a audiência comece às 8h30, quando os professores, estudantes e apoiadores devem seguir em caminhada até a Fundação para o Desenvolvimento de Recursos Humanos (FDRH), onde será realizado o encontro. A garantia da reabertura das negociações já foi considerada uma vitória parcial pelos ocupantes.

No final da noite, os manifestantes que ocupam o Gabinete da Presidência da Assembleia divulgaram uma nota, reproduzida na íntegra a seguir:

POR QUE OCUPAMOS A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA?

Nós, trabalhadores/as em educação em greve no RS, impulsionados pela Comissão de Educação do Bloco de Luta e CPERS-Sindicato, ocupamos a Assembleia Legislativa do RS. Nosso intuito é forçar os deputados a se posicionarem frente à luta dos educadores e dos estudantes pelo piso salarial nacional e contra a reforma do ensino médio politécnico, que foi decretada pelo governo do PT de Tarso e José Clóvis, de forma autoritária, no final de 2011.

Nosso foco foi pressionar o governo que tinha dado por encerradas as negociações com o Comando de Greve no dia 06/09 e foi obrigado, através da pressão, a reabrir o processo de diálogo, agendando nova audiência para as 8h30min do dia 11/09. Essa já é uma conquista da ocupação e uma derrota da postura autoritária do secretário de educação José Clóvis, que envergonha o movimento do qual já fez parte.

Essa ocupação é um momento do processo de greve, o qual se diferencia por buscar novos métodos de luta, unificando estudantes, funcionários e professores, que pautam a suspensão da reforma do ensino médio – vulgo POLITRECO –, o cumprimento integral da Lei do Piso Salarial Nacional e a valorização da educação.

Infelizmente a grande mídia, por estar tradicionalmente ao lado do governo e dos grandes empresários, manipula fatos e informações, visando desqualificar a nossa luta, não dando a devida repercussão à mobilização dos educadores e comunidade escolar em geral.

Agradecemos as manifestações da sociedade gaúcha, que sabe da legitimidade da greve e tem nos apoiado desde o seu início, e pedimos que sigam acreditando nas lutas sociais como forma de avanço na conquista de direitos. A luta por uma educação de qualidade continuará mesmo após o processo de greve!

Ocupação da Assembleia Legislativa do RS

Porto Alegre, dia 11 de setembro de 2013.

PL das mídias é aprovado na Comissão de Constituição e Justiça

10 set

Do Gabinete do deputado Aldacir Oliboni:

O PL 159/2012 que institui a Política estadual de Incentivo às Mídias Locais e Regionais, de autoria do deputado Aldacir Oliboni (PT), foi aprovado por unanimidade na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia Legislativa, na manhã desta terça-feira (10).

O parecer favorável reforça a constitucionalidade do PL, baseado no artigo 222 da Constituição Federal que versa sobre o caráter regionalizado e diversificado que a estrutura de comunicação deve ter no Brasil – o que ainda não está regulamentado.

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Agradecemos a sensibilidade dos colegas desta Comissão em reconhecer a importância do Projeto e, mais do que isso, da vida dos veículos de comunicação do interior do Estado. Pode não ser muito, não ser o ideal, mas temos certeza de que é o início de uma caminhada e a colaboração para uma mídia mais democrática”, argumenta Oliboni.

O parecer aprovado na CCJ é de autoria do deputado Jorge Pozzobon (PSDB). Na ocasião, também foi feita sugestão de emenda ao Projeto, por parte do deputado João Fischer (PP) para que as empresas de comunicação que recebem verbas públicas para publicidade disponibilizem as informações sobre estes recursos em um portal de transparência ou algo do gênero. Além disso, outras emendas deverão ser consideradas, como observa Oliboni. “A partir do diálogo com os diferentes segmentos ligados à comunicação, colhemos sugestões e iremos articular emendas que aumentem o percentual sugerido para 20% ou 30% e também acrescentarmos ao rol de veículos os de caráter comunitário”, explica o parlamentar.

O PROJETO – A iniciativa fortalece os pequenos veículos de comunicação, destinando percentual não inferior a dez por cento da receita anual de publicidade dos Poderes do Estado. A proposta também amplia a transparência na Administração Pública, fortalece os pequenos veículos de comunicação e democratiza o fluxo das informações direcionadas à população.

A legislação contempla periódicos, jornais e revistas impressas, com tiragem entre dois mil e vinte mil exemplares editados sob responsabilidade de empresário individual, micro e pequenas empresas e veículos de radiofusão local, devidamente habilitados em conformidade com a legislação brasileira. O PL segue agora para demais comissões temáticas da Casa.

Em Porto Alegre, grupo pede “intervenção militar” e gera revolta em movimentos sociais

7 set

Movimentos sociais fazem protesto em desfile cívico de Porto Alegre

7 set

Texto e fotos: Bruna Andrade / Jornalismo B

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Na manhã deste 7 de setembro, dia da “Independência do Brasil”, enquanto famílias inteiras desciam a Borges de Medeiros em direção à Av. Loureiro da Silva, onde ocorria o desfile cívico de Porto Alegre, diversos movimentos sociais se reuniam no Largo Glênio Peres. Entre outras pautas, os movimentos reivindicavam a democratização da comunicação, a reforma agrária e a punição dos torturadores da Ditadura Militar.

No local havia a concentração de três manifestações e enquanto ocorria a chegada dos manifestantes, houve um mal estar entre os que chegavam para participar da ação Independência ou Globo e do 19º Grito dos Excluídos com os que chegavam para o evento denominado Operação Sete de Setembro e que carregavam cartazes padronizados dizendo “Fim da corrupção. + Saúde.”. Os participantes das outras duas ficaram incomodados e alegaram que aquela seria uma “tentativa de cooptar o movimento popular” porque, segundo eles, a pauta da corrupção “é uma pauta elitista”.

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Por volta das 10 horas, os movimentos sociais começaram sua passeata rumo à Loureiro da Silva. Apesar do forte contingente da polícia que acompanhou toda a caminhada, os manifestantes não tiveram problemas para chegar ao local. Eles permaneceram no Largo dos Açorianos gritando palavras de ordem que pediam, principalmente, a democratização dos meios de comunicação. João Herminio Marques, membro do movimento A Marighella, explicou que o protesto Independência ou Globo foi organizado porque o movimento entende que “a Globo seja a morte da comunicação, da política e da consciência popular”.

Além disso, também foram apresentadas diversas outras demandas como a reforma agrária, 10% do PIB pra educação e mais investimentos na saúde pública. O médico formado em Cuba e integrante do MST, Marcos Tiaraju, que estava participando do ato, falou sobre a vinda dos médicos estrangeiros: “Estamos encampando, junto com os demais movimentos sociais a defesa do programa Mais Médicos, a vinda dos médicos estrangeiros, principalmente dos cubanos, que estão sendo rechaçados pelos Conselhos de Medicina do Brasil”.

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Os crimes cometidos por militares durante a Ditadura também estavam na pauta do movimento. Para Darla Ribeiro, integrante do Levante Popular da Juventude, “a questão da luta pela memória, verdade e justiça não está desligada das demais reformas, e também é elemento central”. Ela ainda falou sobre a importância da luta: “A gente continua reafirmando que é indispensável que a gente siga lutando e fazendo justiça, pra que esses torturadores genocidas que contribuíram para a Ditadura Militar não fiquem impunes. Vamos sempre levantar essa bandeira pra que seja retomada a memória do povo brasileiro e pra que nunca mais volte a acontecer”.

Após o final do desfile, os manifestantes puderam entrar na avenida onde antes ele estava acontecendo, no entanto, durante cerca de dez minutos, foram impedidos pela Brigada Militar de continuar com a passeata enquanto as autoridades não deixassem o local. Após serem liberados para seguir, os militantes avançavam de forma tranquila e gritando palavras de ordem quando passaram por um grupo que estava nas arquibancadas do desfile e que, vestidos com camisetas com a bandeira do Brasil, seguravam faixas quem pediam “intervenção militar já!”. Nesse momento, houve tensão e os dois grupos discutiram fortemente, a Brigada Militar precisou se colocar entre eles. Os manifestantes que seguiam pela Loureiro da Silva começaram a cantar músicas que lembravam os crimes da Ditadura e, após alguns minutos, a passeata dos movimentos sociais prosseguiu. O protesto foi encerrado por volta do meio dia na esquina com a rua José do Patrocínio. 

Crise da Representação: A democracia participativa é a resposta?

6 set

Texto e fotos: Bruna Andrade / Jornalismo B

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O seminário Crise da Representação e Renovação da Democracia, que aconteceu em Porto Alegre nos dias 5 e 6 de setembro, contou com a presença de mais de 20 debatedores entre jornalistas, sociólogos e cientistas políticos. Eles discutiram o tema sob a perspectiva das novas narrativas e tecnologias, reforma da comunicação e das instituições democráticas e das experiências internacionais em novas formas de representação. O seminário foi promovido pelo Gabinete Digital do Governo do Estado e, como afirmou o coordenador geral do Gabinete, Vinícius Wu, durante a cerimônia de abertura, “serve para produzir reflexões que se desdobrarão em ações”.

Para o blogueiro Altamiro Borges, que participou do primeiro dia de debates, “há um certo consenso de que estamos vivendo uma grande crise da representação” e o grande papel econômico e político que a mídia exerce seria um dos causadores dessa crise. Na avaliação do secretário nacional do MST, João Pedro Stédile, os movimentos da juventude evidenciam uma “carência de democracia real”.

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No debate sobre as novas narrativas e a reforma da comunicação o jornalista Venício Lima avaliou que a crise de representação está “diretamente ligada à mídia” já que esta “produz um discurso que desqualifica a política e os políticos” e que “por defender interesses privados, a velha mídia exclui mais do que representa”. Antônio Martins, criador do Le Monde Diplomatique Brasil, defende que é preciso “enfrentar a velha mídia quando ela diz que todos políticos são iguais, e que a política é um estorvo à sociedade”.

Em meio a discussões sobre a reforma política, Joaquim Palhares, editor e fundador da Carta Maior, defende que essa não é a principal reforma a ser feita, para ele “a mãe de todas as reformas é a da comunicação”. Antônio Escosteguy Castro, advogado e colunista do Sul 21, acredita que os protestos criaram um contexto para a discussão dessa reforma: “nós temos que aproveitar o momento e fazer com que o governo e o parlamento assumam o debate da comunicação”.

Sobre o lugar do jornalismo em meio às novas narrativas, o editor da Revista Fórum, Renato Rovai, sustentou que “o jornalismo não vai morrer em função das novas tecnologias, mas ele mudou de lugar”. “O bom e velho jornalismo vai sobreviver e ele é fundamental. Ter que apurar é mais complexo, mas é fundamental”, defendeu Lino Bocchini, editor de mídia online da Carta Capital.

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No segundo debate do dia, sobre novas tecnologias e reforma das instituições democráticas, o sociólogo Sérgio Amadeu falou sobre a insuficiência das estruturas representativas para absorverem as necessidades de participação. Ele ainda propôs o uso de ferramentas interativas para a construção de uma democracia deliberativa: “A maior das liberdades que uma pessoa possui é a liberdade de deliberar e discutir questões políticas”. Já o professor da Universidade Federal da Bahia Wilson Gomes não acredita na existência de uma crise da democracia representativa, para ele não se trata de uma crise, pois “a democracia é um sistema em que você tem que ir corrigindo os problemas e os defeitos ao longo do tempo”, no entanto, ele endossa a visão apresentada por outros debatedores de que “faltam canais de participação”. Para o professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Marco Cepik o problema é de “crise das estruturas de intermediação”. Natália Viana, jornalista da Agência Pública, ainda acrescentou ao debate a questão da “falta de representatividade e credibilidade” da mídia, que na sua visão “foi intensificada com os protestos de julho”.

A cientista política Celi Pinto abriu a última mesa de debates defendendo a necessidade dos partidos políticos à democracia: “A soma das opiniões individuais não é política”. Bernardo Gutiérrez, articulador internacional do 15M na Espanha, falou sobre a experiência do movimento “Maré Cidadã” e contou: “Os partidos chegaram incorporados ao movimento, sem exercer liderança”. 

Para Benedito Tadeu César, também cientista político, “estamos passando por um momento de muitas transformações. É uma crise geral e mundial”. E, após dois dias, o diretor do Centro de Estudos Europeus, Eirikur Bergmann, encerrou os debates elogiando as experiências de participação em Porto Alegre e deixando no ar a pergunta: “A democracia participativa é a resposta?”.